quinta-feira, 21 de agosto de 2014

VIgorexia: Até que ponto a vaidade é saudável?


Correr algumas vezes na semana, malhar algumas horinhas, três vezes na semana, para deixar o corpo em forma, é muito saudável e recomendado. No entanto, abusar de exercícios, extrapolar na carga horária de treinos e ficar dependente da suplementação, tudo em busca de uma imagem perfeita, pode indicar um transtorno psicológico, chamado de Vigorexia. 

Na verdade, a Vigorexia não está incluída nas classificações tradicionais de transtornos mentais como doença específica, mas sim como uma manifestação dentro do transtorno dismórfico corporal. É uma síndrome em que as pessoas, têm uma opinião patológica a respeito do próprio corpo, acreditando terem uma musculatura muito pequena, frágil e fraca ou muito grande e desproporcional – uma distorção da própria imagem corporal. Elas não conseguem se ver da forma que realmente são, essa pessoas possuem uma visão totalmente distorcida de si mesmas. Eles se mostram excessivamente preocupados com a própria aparência, estão constantemente insatisfeitos com seus músculos e buscam incessantemente a perfeição corporal.

“Os indivíduos acometidos nunca estão satisfeitos com o corpo e, por isso, treinam obsessivamente. Há excessiva preocupação com sua imagem, já que a percepção do próprio corpo é distorcida. Isso induz muitos deles a criar uma obsessão por músculos volumosos, recorrendo a produtos que permitam atingir seus objetivos, treinos em excesso e suplementação. As consequências desse culto patológico podem ser desastrosas”, explica a psicóloga Josiane Cândido Porto de Melo, de São Paulo.

É normal que os pacientes com vigorexia se pesem e se olhem no espelho diversas vezes ao longo do dia. Essa mudança de comportamento, e a preocupação excessiva com o corpo, servem de alerta para os pais ou familiares. Além disso, a vigorexia pode acarretar outros sintomas, como fadiga persistente, dores musculares, irritabilidade, perda de motivação e apetite, ritmo cardíaco elevado, depressão, menor desempenho sexual e insônia.

Os sintomas da vigorexia são:

  • Estar sempre insatisfeito com sua própria imagem;
  • Apesar de estar em ótima forma física, vê-se extremamente magro;
  • Ter vergonha do seu corpo;
  • Tomar diversos suplementos alimentares e inclusive esteróides e anabolizantes para ficarem com mais músculos;
  • Seguir uma dieta rica em proteínas por longo período;
  • Ansiedade;
  • Depressão;
  • Irritabilidade;
  • Cansaço;
  • Dor muscular em todo o corpo;
  • Propensão às lesões musculares e articulares;
  • Cansaço extremo;
  • Insônia.

O tratamento para a síndrome da vigorexia, envolve a psicoterapia e o aconselhamento nutricional.

Causas e grupo de risco

A vigorexia afeta com maior frequência homens entre 18 e 35 anos, mas pode também ser observada em mulheres, sendo impulsionada por fatores socioeconômicos, emocionais, fisiológicos, cognitivos e comportamentais. 

Os padrões de beleza impostos pela sociedade, com grande influência da mídia, priorizam o estético e o culto ao corpo, exigindo um padrão extremamente rígido quanto ao corpo ideal. Isso normalmente, exerce uma pressão negativa na forma como as pessoas se olham e se aceitam, induzindo mudanças radicais de comportamento, na tentativa de serem aceitas na sociedade ou em determinados grupos de interesse. Algumas pessoas chegam a acreditar que só serão aceitas e só encontrarão a felicidade se alcançarem aquele determinado padrão de beleza imposto pelos meios de comunicação

Nesse meio poluído de estética, a pressão em ser aceito acaba afetando o desenvolvimento saudável da autoestima e da sociabilidade. Reconhecer essas pressões estéticas e saber lidar com essa massa de informação desproporcional e sorrateira de maneira saudável é uma das saídas para evitar doenças como a vigorexia e outros distúrbios da imagem corporal, mas isso não é uma tarefa fácil e é uma luta cotidiana.

A vigorexia pode se agravar a partir do momento em que o individuo passa a usar anabolizantes para atingir seus objetivos. “O uso desse tipo de substância traz diversos riscos para a saúde. Aumenta as chances de se desenvolver doenças cardiovasculares e disfunções sexuais, além de diminuir o tamanho dos testículos e desencadear o câncer de próstata”, alerta.

Como tratar a vigorexia?

O paciente que apresenta distúrbios de imagem corporal dificilmente vai procurar ajuda de especialista, primeiro por não tem consciência de seu problema e, em segundo lugar, por medo de que o tratamento o distancie do seu objetivo de ter um corpo perfeito. “No tratamento, é essencial o acompanhamento psicoterapêutico para mudar a percepção corporal distorcida do paciente, ajudando-o a reconhecer e aceitar seu próprio corpo, recuperando a autoestima e modificando o esquema de pensamento”, ressalta a psicóloga.

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