sexta-feira, 6 de junho de 2014

A ingestão de carboidratos

Alguns estudos tentaram responder se a ingestão de carboidrato pode diminuir os efeitos de uma sessão aguda de exercício de endurance (longa distância) sobre o desempenho de força. 

Durante a pesquisa, os sujeitos foram submetidos a duas condições experimentais, recebendo uma bebida placebo ou outra contendo carboidrato (maltodextrina), antes (500ml) e durante (500ml) a realização de uma sessão de exercício de endurance.

Em seguida ao exercício de endurance, os indivíduos realizaram um teste de força, seguido pelo teste de repetições máximas. 

Não foram observadas mudanças. O número de repetições máximas a 70%-1RM apresentou decréscimo nas duas situações, não havendo diferença entre ambas.

Uma sessão de exercício de endurance (intensidade moderada e longa duração) realizada previamente afeta de modo negativo a capacidade de realizar repetições máximas.

Independente do mecanismo envolvido na redução do número de repetições máximas, o consumo de carboidrato foi incapaz de reverter esse efeito prejudicial 

Uma dúvida frequente entre os indivíduos envolvidos em programas de treinamento de força é qual a influência da realização de um exercício submáximo de longa duração (endurance) sobre o subseqüente desempenho de força.

Alguns estudos demonstraram um efeito deletério do exercício de endurance realizado previamente ao exercício de força (comprometimento da capacidade de produzir tensão). 

Nossa hipótese foi avaliar se a suplementação de carboidrato poderia atenuar ou até mesmo reverter esse quadro.

As adaptações decorrentes do treinamento de endurance e do treinamento de força ocorrem por meio de mudanças funcionais e estruturais características de cada estímulo em diferentes tipos de fibras musculares. 

Dessa forma, a combinação desses estímulos poderia acarretar prejuízo de adaptação, dados os mecanismos diferentes a serem acionados.

O treinamento de endurance provavelmente compromete as adaptações decorrentes do estímulo de força através da alteração do padrão de recrutamento muscular e/ou da atenuação da hipertrofia.

Segundo os autores, a musculatura das pernas não se recuperaria do treino de endurance e não realizaria o treino de força na intensidade necessária para promover adaptações.

Os mecanismos responsáveis pelo comprometimento da força e potência no treinamento concorrente ainda não foram identificados. 

Os resultados das pesquisas sugerem que o comprometimento decorrente da combinação do estímulo intenso de endurance sobre as adaptações de força e potência pode ser decorrente da incapacidade de treinar adequadamente durante o treino de força em seqüência a uma atividade de endurance (hipótese do comprometimento agudo). Considerando que a diminuição do glicogênio muscular durante o treino de endurance é variável metabólica que parece estar envolvida nessa incapacidade. 

Estudiosos destacam a importância do consumo de carboidrato após o exercício de endurance para garantir a realização do treino de força realizado subseqüentemente. É possível, porém, que essa estratégia não seja suficiente para garantir reposição adequada da reserva de carboidrato. Uma alternativa seria iniciar a reposição de carboidrato antes e durante o exercício de endurance. 

Evidências obtidas em exercícios de endurance apontam que a suplementação de carboidrato é eficiente para o aumento da performance, e o mecanismo proposto para isso é a manutenção da glicemia e a redução da taxa de glicogenólise

Dessa forma, podemos concluir que não é eficaz se fazer depois de um treino de endurance o treino de musculação. Entretanto, ingerir carboidratos durante o treino endurance ajuda a melhorar o desempenho.

Fonte: Suplementação de carboidrato não reverte o efeito deletério do exercício de endurance sobre
o subseqüente desempenho de força de Marcelo Saldanha Aoki1,3, Francisco Luciano Pontes Jr.,
Francisco Navarro, Marco Carlos Uchida e Reury Frank Pereira Bacurau

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